A REVOLUÇÃO RUSSA

A REVOLUÇÃO RUSSA

Desde o século XIX as teorias socialistas ganhavam força em diversas regiões do mundo. Surgiam como alternativa à sociedade capitalista industrial que então se consolidava, baseada no lucro e na exploração dos trabalhadores. Essa sociedade, segundo os socialistas, ampliava as diferenças entre as classes sociais: de um lado burgueses enriquecidos e de outro proletários miseráveis. Com as teorias de Karl Marx e Friedrich Engels, no século XIX, o socialismo ganhou uma proposta e um método para conquistar o poder. A partir de então, ele alimentaria a esperança de muitos que lutavam por uma sociedade mais igualitária, sem pobreza e com menores diferenças sociais. Na Europa, na América e em outros continentes, revoltas sociais passaram a ser estimuladas pelas teorias socialistas. Nesse sentido, a Revolução Russa, de 1917, foi a primeira a conquistar o poder.
A Revolução Russa de 1905 foi um movimento espontâneo, anti-governamental, que se espalhou por todo o Império Russo aparentemente sem liderança, direção, controle ou objetivos muito precisos. Geralmente é considerada como o marco inicial das mudanças sociais que culminaram com a Revolução de 1917.

Antecedentes
A Rússia as vésperas do movimento revolucionários de1917, apresentava particularidades políticas, econômicas e sociais que se tornaram fatores de sua própria destruição. A sociedade russa estava submetida a um Estado despótico, cujo o poder absoluto e arbitrário concentrava-se nas mãos do Czar, apoiado pela nobreza proprietária de terras e pela igreja Ortodoxa Russa. A economia de certa forma baseava-se na agricultura. A maior parte das terras pertencia ànobreza e à igreja; por tanto a maioria dos habitantes estavam estavam submetidos à aristocracia rural. Diante de uma industrialização tardia, diante da miséria e da fome, do analfabetismo e do desemprego, surge e ganha força na Rússia movimentos revolucionários baseados em teorias como o Anarquismo e o socialismo Marxista. Os movimentos fizeram surgir partidos dentre os quais se destacou o Partido Operário Social democrata Russo (POSDR), fundado em 1898. seus dirigentes, embora atuando no exílio, organizam várias formas de luta em todo o país. Em 1903, o POSDR se dividiu em duas tendências rivais: a dos Bolcheviques (em Russo, maioria), liderados por Vladimir Ilitch Ulianov - conhecido como Lênin- e a dos Mencheviques (em Russo, minoria). Ambas as correntes se inspiravam nas idéias revolucionárias de Karl Marx. Os antecedentes da Revolução Russa devem ser procurados na Revolução Industrial, iniciada no século XVIII, e em seus desdobramentos: formação do proletariado, prática do “capitalismo selvagem” e evolução das idéias socialistas.

Economia, Política e Sociedade Russa antes da Revolução:
Já antes de 1905, o Império Russo passava por uma grave crise política. Desde a emancipação dos servos (1861), o país vivia uma rápida transição do feudalismo para o capitalismo. Os servos haviam sido libertos e passaram a ter o direito de comprar as terras onde trabalhavam. Entretanto, o ressarcimento devido aos seus senhores, como compensação dos direitos recém-adquiridos, levaram-nos, na prática, a permanecer na mesma situação de miséria.
A construção da Ferrovia Transiberiana e as mudanças econômicas levadas adiante por Sergei Witte atraíram o capital estrangeiro e estimularam uma rápida industrialização nas regiões de Moscou, São Petersburgo, Baku, bem como na Ucrânia, suscitando a formação de um operariado urbano e o crescimento da classe média. Essas classes eram favoráveis a reformas democráticas no sistema político. Entretanto, a nobreza feudal e o próprio czar procuraram manter o absolutismo russo e sua autocracia intactos a qualquer custo.
Finalmente, o desempenho desastroso das forças armadas russas na guerra russo-japonesa (1904 - 1905) intensificou essas contradições e precipitou os acontecimentos, sendo essa derrota considerada como causa imediata da Revolução de 1905

A Rússia no início do século XX
Ao iniciar-se o século XX, o Império Russo apresentava um extraordinário atraso em relação às demais potências européias:
Atraso econômico — A economia ainda era basicamente agrária, praticada em latifúndios explorados de forma antiquada, através do trabalho de milhões de camponeses miseráveis. A industrialização russa foi tardia, dependente de capitais estrangeiros e se restringia a algumas grandes cidades.
Atraso social — A sociedade russa era ainda mais desigual que a sociedade francesa às vésperas da Revolução de 1789. Havia o absoluto predomínio da aristocracia fundiária, diante de uma burguesia fraca e das massas camponesas marginalizadas. O proletariado russo era violentamente explorado; mas já possuía uma forte consciência social e política e estava concentrado nos grandes centros urbanos — o que facilitaria sua mobilização em caso de revolução.
Atraso político — O Império Russo era oficialmente uma autocracia (isto é, uma monarquia absoluta), com todos os poderes centralizados nas mãos do czar. Não havia partidos políticos legalizados, embora as agremiações clandestinas fossem bastante atuantes. Delas, a mais importante era o Partido Social-Democrata Russo, que em 1903 se dividiu em dois ramos: bolcheviques (marxistas radicais) e mencheviques (socialistas moderados).

No começo do século XX, um Russo descrevia assim as condições de vida dos operários:
“Não nos é possível ser instruídos porque não há escolas,
e desde a infância devemos trabalhar além de nossas forças por
um salário ínfimo. Quando desde os 9 anos somos obrigados a ir
para a fábrica, o que nos espera? Nós nos vendemos ao
capitalista por pedaço de pão preto; guardas nos agridem a socos
e cacetadas para nos habituar à dureza do trabalho; nós nos
alimentamos mal, nos sufocamos com a poeira e o ar viciado, até
dormimos no chão, atormentados pelos vermes...”
(Citado em: Rubim S. L. de Aquino e outros. História das sociedades.)


A Tentativa Revolucionária de 1905 e o Domingo Sangrento
Os problemas internos da Rússia se agravaram ainda mais após a Guerra Russo-Japonesa (1904-1905). A origem do conflito foi a disputa entre os dois países por territórios na China e por áreas de influencia no continente. A derrota ante os japoneses mergulhou a Rússia numa grave crise econômica e aumentou o descontentamento de diferentes grupos sociais com o Czar Nicolau II. Começaram a ocorrer greves e movimentos reivindicatórios, duramente reprimidos pela polícia czarista. Num domingo de janeiro de 1905, trabalhadores de São Petersburgo, então capital do Império Russo. No domingo do dia 22 de Janeiro de 1905 (9 de janeiro, segundo o calendário juliano, vigente no país, na época), foi organizada uma manifestação pacífica e em marcha lenta, liderada pelo padre ortodoxo e membro da Okhrana, Gregori Gapone, com destino ao Palácio de Inverno do czar Nicolau II, em São Petersburgo, com o objetivo de entregar uma petição, assinada por cerca de 135 mil trabalhadores, reivindicando direitos ao povo, como reforma agrária, tolerância religiosa, fim da censura e a presença de representantes do povo no governo. Segundo algumas fontes, durante a caminhada, eram cantadas músicas religiosas, e também a canção nacional “Deus Salve o Czar”.
Sergei Alexandrovitch, grão-duque, ordenou à guarda do czar que não permitisse que povo se aproximasse do palácio e que dispersasse a manifestação. Entretanto a massa não recuou. A guarda, então, disparou contra a multidão. A manifestação rapidamente se dispersou, deixando centenas de mortos.
A população indignou-se com a atitude do czar, que, até então, era bem visto por seus súditos. O episódio ficou conhecido como "Domingo Sangrento" e foi o estopim para o início do movimento revolucionário.


A Revolução de 1905
A Rússia entrou em guerra com o Japão, disputando territórios no Extremo Oriente, e foi derrotada Esse conflito repercutiu na Rússia Européia, dando origem à Revolução de 1905 — que Lenin mais tarde considerou um “ensaio geral para a Revolução de 1917”. A Revolução de 1905 consistiu em três episódios distintos, todos extremamente significativos:
O Domingo Sangrento — Uma manifestação pacífica de milhares de operários de São Petersburgo (então capital da Rússia) foi violentamente dispersada pela Guarda Imperial, com centenas de vítimas. Esse acontecimento abalou profundamente a confiança do povo em seu imperador.
A revolta do “Potemkin” — O “Potemkin” era um couraçado pertencente à frota russa do Mar Negro. Sua tripulação rebelou-se ao saber que seria enviada para lutar contra os japoneses. Os demais navios da esquadra não aderiram à revolta do “Potemkin”, cujos tripulantes acabaram refugiando-se na Romênia. De qualquer forma, tratava-se de um motim em uma grande unidade da Marinha Russa, evidenciando que as Forças Armadas já não podiam ser consideradas sustentáculos fiéis da Monarquia.
A greve geral — Em São Petersburgo, Moscou e Kiev, os operários entraram em greve geral. Apesar da repressão militar, os trabalhadores resistiram por algumas semanas, sobretudo em Moscou. Dois fatos importantes ocorreram durante essa greve: foram organizados os primeiros sovietes (conselhos) de trabalhadores e houve operários que se defenderam a bala, mostrando que estavam se preparando para uma insurreição armada. Em 1906, tendo em vista os abalos produzidos pela Revolução de 1905 e pela derrota frente ao Japão, o czar Nicolau ll resolveu criar a Duma, como um primeiro passo em direção à liberalização. Tratava-se de uma Assembléia Legislativa com poderes extremamente limitados; e, como era censitária, seus deputados representavam apenas 2% do total da população.

AS FASES DA REVOLUÇÃO:

1. FEVEREIRO DE 1917: A primeira fase da revolução aconteceu em fevereiro de 1917 pelas mãos dos Mencheviques. Porém vale lembrar que nesta fase não houve a intenção imediata de implantar o socialismo. Foi montado um governo provisório onde além dos mencheviques participaram o Kadet, partido burguês, e membros da nobreza russa. A idéia era primeiro desenvolver a Rússia para depois levá-la ao caminho do socialismo. A causa imediata da Revolução Russa foram os efeitos desastrosos do envolvimento russo na I Guerra Mundial. Na qualidade de membro da Tríplice Entente, juntamente com a Grã-Bretanha e a França, o Império Russo entrou em guerra com a Alemanha e a Áustria-Hungria em 1914. Mas, embora seu gigantesco exército tivesse o apelido de “rolo compressor”, os russos não estavam à altura de seus adversários alemães. Estes impuseram às tropas do czar derrotas esmagadoras, que só não levaram a Rússia à rendição porque a Alemanha, dividida entre duas frentes de batalha (havia uma Frente Ocidental, contra ingleses e franceses), não pôde explorar suas vitórias a fundo. Mesmo assim, boa parte do território russo encontrava-se em poder dos invasores — principalmente a Ucrânia, cujo tchernoziom (terra negra) era considerado o celeiro do Império.As pesadas perdas sofridas pelo exército, mais as dificuldades de abastecimento, somadas à alta do custo de vida e à ineficiência e corrupção administrativas, levaram o povo russo a uma situação de verdadeiro desespero. Assim, em fevereiro de 1917 (março, pelo calendário vigente nos países ocidentais), eclodiram manifestações em Petrogrado (novo nome de São Petersburgo), exigindo a saída da Rússia da guerra. As tropas da capital recusaram-se a reprimir os manifestantes e aderiram a eles. O czar Nicolau ll, que se encontrava em seu quartel-general, foi impedido de entrar em Petrogrado. Em questão de dias, a insurreição alastrou-se por todas as grandes cidades do Império. Como o príncipe-herdeiro era hemofílico, Nicolau ll preferiu abdicar em favor de seu irmão, mas este recusou o trono. Para que a Rússia não ficasse acéfala, a Duma organizou um governo provisório constituído de aristocratas e burgueses, sob a chefia do príncipe Lvov.Tentando ganhar o apoio das massas, o novo governo adotou uma postura liberal, decretando anistia política. Com isso, milhares de prisioneiros foram libertados e centenas de exilados retornaram à Rússia. Entre eles, inúmeros revolucionários bolcheviques, liderados por Lenin. Imediatamente começaram a ser organizados sovietes de operários, soldados e camponeses, com vistas à realização da revolução socialista.Recém-chegado do exílio, Lenin tentou um golpe de Estado em julho de 1917, mas falhou e foi obrigado a se esconder por algum tempo. O príncipe Lvov foi substituído na chefia do governo provisório por um advogado chamado Kerensky, do Partido Social-Revolucionário (apesar do nome, essa era uma agremiação política moderada), que gozava de uma certa popularidade. Mas esta se deteriorou rapidamente, devido à insistência de Kerensky em continuar a guerra contra a Alemanha, apesar dos anseios de paz da população e da impossibilidade de a Rússia poder sustentar um conflito militar de tais proporções.

2. OUTUBRO DE 1917: Em outubro de 1917 (novembro, pelo calendário ocidental), os bolcheviques finalmente tomaram o poder. Os sovietes, controlados por eles, haviam se transformado no poder de fato da Rússia, anulando o papel da Duma e de Kerensky. Um assalto ao palácio do governo, conduzido por soldados bolcheviques, resultou na fuga de Kerensky, que conseguiu se refugiar nos Estados Unidos. Algumas dezenas de jovens cadetes pereceram nas escadarias e salões do palácio, tentando defender seu líder que fugia.A Duma foi dissolvida e o poder foi assumido por um Conselho de Comissários do Povo, chefiado por Lenin. O novo governo convocou imediatamente uma Assembléia Constituinte.As eleições se realizaram em condições caóticas. Os bolcheviques dominavam Petrogrado, Moscou, Minsk e Kiev — ou seja, os grandes núcleos urbanos da Rússia Européia. Mas seu poder estava longe de ser estável nas vastidões do agonizante Império Russo. Assim, as eleições deram maioria aos partidos não-bolcheviques.A Assembléia Constituinte reuniu-se em Petrogrado em janeiro de 1918 — por um único dia. Comprovada a hostilidade da maioria dos deputados ao Conselho de Comissários do Povo, Lenin ordenou seu fechamento. Começava a ditadura comunista, com todos os seus desdobramentos: a paz com a Alemanha, a Guerra Civil entre Brancos e Vermelhos (1918-21), a socialização (freada temporariamente pela NEP — Nova Política Econômica), a luta pelo poder entre Trotsky e Stalin e, enfim, a ditadura stalinista (1928-53), uma das mais sangrentas de todo o século XX.
As primeiras medidas do governo revolucionário foram:
1. Retirada da Rússia da Guerra
2. Supressão das grandes propriedades rurais, confiadas agora à direção de comitês agrários;
3. Controle das fabricas pelos trabalhadores;
4. Criação do Exército Vermelho, com a finalidade de defender o socialismo contra inimigos internos e externos.
Logo depois os Bolcheviques adotaram os sistema de partido único: o Partido Comunista.

O SURGIMENTO DA URSS
Entre 1918 e 1921, os bolcheviques estabeleceram uma política econômica radical denominada Comunismo de Guerra. Durante esse período, foi estabelecida a regulamentação do consumo e da produção, a expropriação das grandes industrias e o confisco da maior parte das colheitas de cereais para alimentar o Exército Vermelho e os trabalhadores urbanos. Tais medidas produziram o colapso da economia russa, que regrediu a níveis inferiores aos de antes da Primeira Guerra Mundial. Ao mesmo tempo, para impor essa política impopular, os comunistas passaram a adotar medidas cada vez mais duras. Ao mesmo tempo, para aliviar as tensões resultantes dessas medidas, a partir de março de 1921 o governo adotou a Nova Política Econômica (NEP). Com ela foi suspenso o confisco das colheitas de cereais e abriu-se espaço para alguns empreendimentos de iniciativa particular que, em colaboração com as empresas estatais, deveriam promover o reerguimento econômico do país. Ao lado disso, o governo procurou atrair capitais estrangeiros, que foram canalizados para o desenvolvimento da industria de base, e retomou pouco a pouco o crescimento econômico. Na esfera política, fundou-se em dezembro de 1922 a União da Repúblicas Socialista Soviéticas (URSS).

Bolcheviques, Mencheviques, Dumas e Soviets
Tentando diminuir as tensões sociais, o czar criou a DUMA, espécie de parlamento. Contudo, os deputados eleitos das quatro primeiras dumas foram de tal maneira pressionados pelo czar que pouco puderamfazer. Em 1905, surgiram os Sovietes de trabalhadores, conselheiros que se encarregavam de coordenar o movimento operário nas fábricas.
O termo bolchevismo é de origem russa e significa, literalmente, maioria (em russo, bolscinstvó). Serviu para designar a corrente política e a linha organizacional idealizada e imposta pelo líder revolucionário Vladimir Lênin ao Partido Operário Social-Democrático da Rússia (POSDR). Fundado em 1898, o POSDR foi um partido revolucionário de orientação marxista, que conseguiu integrar aos seus quadros vários líderes operários pertencentes a associações e clubes de trabalhadores urbanos. A criação do POSDR está associada à significativa expansão da industrialização e das ondas de agitações operárias que atingiram a Rússia czarista no final do século 19. Líderes do POSDR esforçaram-se para convencer as demais correntes políticas revolucionárias atuantes na Rússia (social-democratas, populistas e marxistas, entre outras) de que o capitalismo industrial tinha atingido a fase que predispunha a classe operária a desempenhar o papel que lhe fora atribuído pela teoria marxista, de agentes revolucionários, cujo objetivo era a construção de uma nova ordem social: o socialismo.
No Congresso de 1903, realizado em Londres, as divergências entre as principais lideranças do POSDR aprofundaram-se, gerando uma cisão entre os social-democratas. Inicialmente, houve consenso entre os delegados presentes em torno do programa político geral e as finalidades do partido, que previa a revolução e a conquista do poder pelo proletariado.
No que se refere à organização e estrutura partidária, porém, surgiram divergências inconciliáveis entre dois líderes influentes: Lênin e Martov. Lênin defendeu uma fórmula bastante rígida de partido revolucionário, que em sua concepção deveria ser formado unicamente por militantes profissionais, ou seja, por membros que deveriam se dedicar exclusivamente ao trabalho partidário (em tempo integral).
Para Lênin, portanto, o partido deveria ser uma organização homogênea, altamente disciplinada e centralizada, que serviria como vanguarda (ou grupo dirigente) do movimento revolucionário. Por outro lado, Martov se opôs à fórmula leninista e defendeu que o partido revolucionário deveria estar aberto à integração de membros, que poderiam ser simpatizantes, colaboradores ou militantes. A proposta de Martov saiu-se vencedora, com 28 votos, contra 22 e uma abstenção.
Depois dessa votação ocorreu outra, que serviu para a formação do comitê de redação da publicação partidária "Iskra" e também para o comitê central do partido. Os Lêninistas venceram essa segunda votação formalizando a divisão das duas correntes social-democratas: os bolcheviques (maioria) e os mencheviques (minoria).
Os bolcheviques adotaram o modelo de organização partidária preconizada por Lênin. Do período que vai do Congresso de 1903 até a Revolução de Outubro de 1917, o Partido Bolchevique foi formado majoritariamente por intelectuais e pequeno-burgueses e atuou na clandestinidade.
Surgimento dos sovietes
Em 1905, a Rússia czarista foi abalada por várias insurreições de trabalhadores urbanos. O Estado czarista, porém, conseguiu resistir, mas o episódio entrou para a história como a revolução de 1905. A revolução abortada de 1905 rompeu no cenário político da Rússia a partir de um novo tipo de organização: os sovietes.
Os sovietes, também denominados "conselhos de trabalhadores", eram organizações formadas por delegados ou representantes de operários ou camponeses. Surgiram por iniciativa e criatividade dos próprios trabalhadores urbanos e rurais, que se organizaram autonomamente no núcleo fabril ou no âmbito da aldeia.
Bolcheviques e mencheviques não tiveram participação ativa na revolta de 1905, pois ela brotou da ação espontânea das massas populares. Na verdade, as duas correntes políticas se surpreenderam com a capacidade organizacional e a iniciativa dos trabalhadores.
O surgimento dos sovietes recolocou em discussão as teses dos bolcheviques (que não acreditavam na força e na capacidade de organização autônoma dos trabalhadores sem o auxílio de uma organização partidária de vanguarda) e dos mencheviques (que não acreditavam na possibilidade de luta política revolucionária devido ao atraso econômico da Rússia).
Em 1906, as duas correntes tentaram a reunificação, convocando um novo Congresso. No entanto, ambas as correntes suspenderam o processo de reunificação devido ao surgimento de novas divergências diante da abertura política efetivada pelo Estado czarista, com a legalização dos sindicatos trabalhistas.
Os mencheviques defendiam a atuação dentro da legalidade, participando das eleições para as instituições representativas. Os bolcheviques mantiveram a atuação clandestina e o programa de ação revolucionário.
Após a revolução abortada de 1905, o Estado czarista tentou em vão aplicar as reformas institucionais que possibilitariam a criação de novas instituições parlamentares. Essas instituições serviriam para a integração das classes populares e da pequena burguesia no sistema político russo.

Bolcheviques e o fim do aparelho czarista
O fracasso das reformas institucionais se deveu preponderantemente à resistência oferecida pela aristocracia czarista que dominava o Estado imperial russo. Nessa conjuntura, inúmeras revoltas e rebeliões sociais eclodiram pelo país, enquanto as lutas dos trabalhadores operários e camponeses se radicalizaram.
A Rússia pré-revolucionária presenciou uma sucessão de governos provisórios que agrupavam diversas e divergentes correntes políticas, como os liberais, os socialistas revolucionários e os mencheviques. A situação agravou-se ainda mais com o ingresso da Rússia na Primeira Guerra Mundial.
Os bolcheviques se apoiaram nos sovietes e puderam canalizar e dirigir a revolta das massas populares e o crescente descontentamento dos militares. Os bolcheviques saíram-se vitoriosos devido à dissolução do aparelho estatal czarista e a fraqueza das outras forças sociais e políticas que defendiam propostas reformistas.

Lênin, Stalin e Trotsky
A morte de Lenin trouxe uma ardente e violenta competição pelo poder entre diversos candidatos, dos quais se destacaram Trotsky e Stalin. O primeiro era o mais capaz intelectualmente e o mais conhecido líder bolchevique depois de Lenin. Era considerado quase um símbolo da revolução, pois havia organizado o ataque contra o palácio de inverno e comandara o Exército Vermelho durante a guerra civil. Vivera muitos anos no exílio, falava muitas línguas, era um orador inflamado e um brilhante analista político. No ocidente, quase todos os analistas e líderes políticos esclarecidos acreditavam que ele seria o sucessor natural de Lenin. Stalin era o inverso de seu oponente: figura apagada, desconhecida do público nacional e internacional. Passara sua vida adulta dentro do partido, trabalhando na burocracia partidária.
Quando Lenin morreu, Stalin para o cargo de primeiro-secretário do partido. Como esse posto controlava tudo, era ele o "homem forte" do país. Todas as nomeações importantes passavam por suas mãos e dependiam de sua aprovação.As divergências pessoais que surgiram entre os dois líderes estava ligadas a questões ideológicas, que não eram apenas o álibi nem o pretexto de ambições rivais. Elas possuíam alcance histórico e importância política para o movimento comunista internacional.
Trotsky tinha seus olhos voltados para o mundo do capitalismo desenvolvido. Espírito dotado de imaginação e visionário, acreditava numa revolução social permanente e universal. Achava que a revolução socialista só na Rússia, um país atrasado, era inevitável e que seu êxito dependia do surgimento de revoluções socialistas em outras partes do mundo.
Stalin, por sua vez, calculista e cauteloso, desprovido de solidariedade ao movimento socialista internacional, acreditava que o importante era construir o socialismo na Rússia. Os partidários de Stalin pensava que, mesmo em um país atrasado como a Rússia, era possível construir uma sociedade socialista. Para isso, era necessário deixar de apoiar movimentos revolucionários no exterior, a fim de não provocar os países imperialistas que poderiam invadir a Rússia.
Stalin, habilidoso e controlador da máquina partidária, valeu-se das divisões entre seus adversários. Em 1927, sua vitória estava garantida. Trotsky foi isolado, expulso do partido e dois anos mais tardes dedicou o país, indo radicar-se no México, onde influenciou pequenos partidos socialistas mundiais, igualmente opostos ao regime Stalinista. Mas Stalin, não suportando as críticas trotskistas, que o colocavam como renegado do marxismo e ameaçavam a política burocrática do governo soviético, mandou assassiná-lo, em 1940, na cidade do México.

A NEP e a reconstrução nacional
Depois de terem sufocado a rebelião dos marinheiros do Kronstadt, que clamavam pela derrubada dos bolcheviques e pela instauração da democracia proletária e da administração direta, os bolcheviques interpretaram corretamente a situação. Era impossível dar seguimento ao comunismo de guerra. Tornou-se necessário recuar em suas ambições de implantação imediata do comunismo. Voltar atrás não era uma medida fácil de ser tomada, e provavelmente, somente Lenin tinha condições morais e políticas para ordenar a retirada e não perder apoio dentro do partido.
Em 1921, foi criada a NEP (a Nova Política Econômica) que restabelecia as práticas capitalistas vigentes antes da Revolução. Os camponeses passariam a vender uma pequena parte da produção para o Estado a preço fixo, o restante podia ser lançado no mercado. Também permitiu-se o florescimeno de empreendimentos capitalistas na pequena indústria e no comércio. O estímulo pelo ganho pessoal foi reintroduzido e o igualitarismo teve que ceder passo à hierarquia e aos privilégios materiais.
O país passou a ter uma constituição produtiva anacrônica, medidas socialistas (estatização das empresas, minas, transportes e bancos), conviviam com medidas capitalistas (o médio produtor rural, o capitalismo urbano) e com a economia tradicional (economia de substência empregada pelos camponeses pobres). Permitindo no entanto a sobrevivência do regime dando-lhe folga necessária para a reordenação de forças. O próprio Lenin teve dificuldade m definir o estado de coisas, que ironicamente classificava: como "uma mistura de czarismo com práticas capitalistas besuntadas por um verniz soviético".
Os resultados práticos não demoraram a surtir efeito. Lentamente a produção agrícola foi sendo restabelecida; o sistema viário voltou a funcionar com maior regularidade e as pequena indústrias começaram a lançar seus produtos no mercado.

A Ditadura Stalinista
Em 1923, foi elaborada uma Constituição que instituía a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). Josef Stálin venceu a disputa, tendo governado de 1924 a 1953. Em 1928, a NEP foi substituída pelos Planos Qüinqüenais Soviéticos, quando o governo passou a planejar a economia para os próximos cinco anos. O novo plano foi responsável pela industrialização e modernização do país Stálin foi responsável por haver substituído a ditadura do proletariado pela ditadura do Partido Comunista. Governando com mão de ferro e de maneira autoritária, foi responsável pela eliminação de milhares de pessoas, acusadas de serem contra o comunismo russo. Os falhos programas de industrialização e coletivização na década de 1930 e sua campanha de repressão política custaram a vida de milhões de pessoas. “Sob a liderança de Stalin, a União Soviética desempenhou um papel decisivo na derrota da Alemanha nazista na Segunda Guerra Mundial (1939-1945) e passou a atingir o estatuto de superpotência, e a expandir seu território, para um tamanho semelhante ao do Antigo Império Russo.”
O nome adotado pelo país, União das Republicas Socialistas Soviéticas, simbolizava teoricamente, que o Estado era federativo. As republicas que o compunham teriam autonomia e governo próprio, poderiam desenvolver duas línguas e culturas nacionais, tendo inclusive o direito de separar-se da União. Na prática, não era o que ocorria: o governo da União, com suas instituições superpostas às das repúblicas, centralizava todas as decisões em matéria de segurança militar e policial, relações exteriores, finanças, comunicações, industria pesada e bélica e outros setores essenciais. O Partido Comunista controlava todos os organismos governamentais da União e das repúblicas, prevenindo qualquer tentativa de autonomia excessiva e separação das repúblicas.
Em 1936, a União Soviética recebeu sua terceira Constituição revolucionária. Na forma e no conteúdo, tratava-se de uma Constituição extremamente democrática: todo poder emanava do povo, o que não ocorria na constituições anteriores, que não concediam direito de voto a determinadas classes e categorias sociais suspeitas aos olhos do novo regime.
Mas na verdade, não era isso que acontecia. A constituição, em seu famoso artigo 6°, dizia que o Partido Comunista tinha a hegemonia do Estado e da sociedade, cabendo a ele dirigi-los. O partido único era o motor e o verdadeiro detentor do sistema de poder soviético. Pouco numeroso em relação ao conjunto da população, era formado por elementos recomendados pela direção, disciplinados e obedientes, sempre sujeitos aos expurgos, caso não se enquadrassem no perfil exigido. Esses militantes gozavam do privilégio de residir em boas casas, receber bons salários e possuir prestígio social, entre outras regalias, como direito a clubes e colônias de férias exclusivas. Para não perder esses privilégios e sofrer sanções penais, demostravam lealdade total ao sistema. Isso impedia a inovação, a experimentação, a discussão aberta e a crítica construtiva. O que mais fazia para preservar suas carreiras era evitar responsabilidades, buscando a aprovação dos superiores em qualquer ação. Isso salvava a pele, mas não contribuía para o desenvolvimento de uma economia e sociedade complexas.
Na época de Stalin, o Partido Comunista tinha uma existência apenas formal. Exercendo o cargo de secretário-geral, Stalin possuía um poder que poucos homens tiveram na história.
Paralelamente, generalizava-se o trabalho forçado em campos de concentração. Nacionalidades descontentes, dissidentes, acusados de parasitismo, comunistas caídos em desgraça e tantos outros tipos, eram enviados para os campos de concentração. Estimativas modestas calculam em 5 milhões o número de presos e em meio milhão o de executados naquela época.
O terror político, com raros momentos de liberalização, foi tônica dominante. A polícia política era onipresente e a delação era estimulada e incentivada, tornando-se um meio de ascensão social. Mas não foi apenas através do terror que a burocracia stalinista assegurava o poder. Stalin possuía prestígio popular, em decorrência de resolução de alguns problemas econômicos e culto de algumas personalidades.
Chegou-se então ao cumulo do exagero: todas as casa e escolas da União Soviética exibiam em suas paredes a foto de Stalin todas as cidades e aldeias tinham a "Rua Stalin "; no cinema artistas altos e bonitos representavam papel de Stalin, que tinha pouco mais do que 1,60 metro de altura; a atual Volgogrado recebeu o nome de Stalingrado, "a Cidade de Stalin ".
Ele era o guia genial dos povos. Todos os partidos comunistas se inspiravam no modelo do partido russo. A Revolução Russa era o exemplo para todas as revoluções e Stalin, o modelo de dirigente político de todos os líderes comunistas.
Foi no entanto no final da Segunda Guerra Mundial que se deu o auge do culto da personalidade. Com a derrota do nazi-fascismo, o prestígio da URSS - vencedora - e dos partidos comunistas - elementos importantes na resistência contra os nazistas em vários países - cresceu no mundo inteiro e o de Stalin também. Afirmava-se que tinham sido suas concepções estratégicas geniais que haviam derrotado os nazistas e seus ensinamentos os responsáveis por qualquer melhoria na ciência e na produtividade soviética depois desse período.
O culto da personalidade chegou à falsificação grosseira da história. A Enciclopédia soviética rescreveu toda a história da Revolução de Outubro, engrandecendo o papel de Stalin e diminuindo o de seus adversários: uma foto de Trotsky, tomando o Palácio de Inverno, foi retocada e, em seu lugar, apareceu Stalin ao lado de Lenin tomando o poder.

Vídeo Revolução Russa - RESUMO

















A CRISE DE 1929

A CRISE DE 1929
No início do século XX, os Estados Unidos viviam o seu período de prosperidade e de pleno desenvolvimento, até que a partir de 1925, apesar de toda a euforia, a economia norte-americana começou a passa por sérias dificuldades. Podemos identificar dois motivos que acarretaram a crise:
-O aumento da produção não acompanhou o aumento dos salários. Além de a mecanização ter gerado muito desemprego.
- A recuperação dos países europeus, logo após a 1ª Guerra Mundial. Esses eram potenciais compradores dos Estados Unidos, porém reduziram isso drasticamente devido à recuperação de suas econômicas.
Diante da contínua produção, gerada pela euforia norte-americana, e a falta de consumidores, houve uma crise de superprodução. Os agricultores, para armazenar os cereais, pegavam empréstimos, e logo após, perdiam suas terras. As indústrias foram forçadas a diminuir a sua produção e demitir funcionários, agravando mais ainda a crise.
A crise naturalmente chegou ao mercado de ações. Os preços dos papéis na Bolsa de Nova York, um dos maiores centros capitalistas da época, despencaram, ocasionando o crash (quebra). Com isso, milhares de bancos, indústrias e empresas rurais foram à falência e pelo menos 12 milhões de norte-americanos perderam o emprego.
Abalados pela crise, os Estados Unidos reduziram a compra de produtos estrangeiros e suspenderam os empréstimos a outros países, ocasionando uma crise mundial. Um exemplo disso é o Brasil, que tinha os Estados Unidos como principal comprador de café. Com a crise, o preço do café despencou e houve uma superprodução, gerando milhares de desempregados no Brasil.
Para solucionar a crise, o eleito presidente Franklin Roosevelt, propôs mudar a política de intervenção americana. Se antes, o Estado não interferia na economia, deixando tudo agir conforme o mercado, agora passaria a intervir fortemente. O resultado disso foi a criação de grandes obras de infra-estrutura, salário-desemprego e assistência aos trabalhadores, concessão de empréstimos, etc. Com isso, os Estados Unidos conseguiram retomar seu crescimento econômico, de forma gradual, tentando esquecer a crise que abalou o mundo.
O entre-guerras, período compreendido entre o término da Primeira Guerra Mundial (1918) e o início da Segunda Guerra Mundial, foi marcado por crises econômicas, políticas e sociais em vários países. Quando o primeiro conflito mundial terminou, os EUA era uma nação poderosa, a mais rica do mundo. Assim, em 1918, novamente a presença americana era flagrante. Empréstimos e mais empréstimos foram contratados pelos europeus visando à reconstrução dos países destruídos. Esses fatores condicionaram aos EUA uma prosperidade sem precedentes. Um período de grande abundância gerou uma idêntica euforia social. Os empresários americanos nadavam em capitais.
Exportava também o "modelo de homens de negócios", o Self-made-mam. Aquele empreendedor, que, saindo das camadas humildes da população, competentemente prosperou. Toda essa riqueza gerou, nos EUA, um novo ideal de vida ou um novo estilo de vida americano, o "american way of life". Estilo de vida baseado na febre de consumo de produtos industrializados. Mas essa abundância era ilusória, pelo menos para a maioria do povo norte-americano.
Uma prosperidade vulnerável... Para alimentar o sonho americano, milhares de pessoas especulavam na bolsa de valores, as empresas supervalorizavam os seus papéis. Na medida em que a Europa se recuperava dependia cada vez menos das importações americanas. Os capitalistas pagavam salários baixos e o número de miseráveis aumentava cada vez mais. No entanto, em 1929, conheceram uma profunda crise, com a queda da bolsa de valores de Nova York, que gerou, por sua vez, uma gravíssima crise interna, provocando alto índice de desemprego e acabando por afetar vários países.
A superprodução provocada pelo subconsumo, a queda geral dos preços e a especulação geraram uma crise sem precedentes: a queda da bolsa de valores. Em setembro de 1929, o valor das ações começou a oscilar; de repente subia, logo em seguida caía. No mês seguinte, só houve queda, e os investidores queriam livrar-se das ações vendendo-as rapidamente. No dia 24 de outubro, conhecido como a “quinta-feira negra”, houve pânico na Bolsa. Cerca de 13 milhões de ações foram negociadas a qualquer preço, em um único pregão. De uma hora para outra, milhares de investidores viram-se na miséria.
A crise desenvolveu-se numa reação em cadeia. O crash financeiro acentuou a crise industrial, desaparecendo qualquer possibilidade de recuperação. Foi necessário reduzir a produção e abaixamento de salários dos que continuavam trabalhando. Por volta de 1933, mais de 14 milhões de norte-americanos estavam desempregados.

A crise atingiu outros países
A crise de 1929 acabou afetando vários países do mundo. Na Europa, muitas nações dependiam do crédito norte-americano e, quando este foi suspenso, sofreram forte abalo. Houve fechamento de bancos, falências, desvalorização da moeda e desemprego. No início da década de 30, o número de pessoas desempregadas no mundo estava em torno de 40 milhões. Os países desesperados para se safarem, tomaram medidas várias. Alguns como Alemanha e Itália tiveram que adotar regimes autoritários para conseguirem implementar medidas impopulares. A confusão provocada pela crise criou, na Europa, o clima responsável pela eclosão da Segunda Guerra Mundial. O Brasil também foi afetado pela crise de 1929. O café, principal produto de exportação, tinha nos Estados Unidos o seu maior comprador. Com a crise, os norte-americanos reduziram as compras e os estoques de café aumentaram, provocando a queda do preço e transformações políticas, sociais e econômicas no Brasil.

Quebra da Bolsa em 1929

O clima de otimismo que antecedeu a quebra da Bolsa em 1929 levou a comentários que mais tarde podem ter deixado seus autores constrangidos. O presidente americano Calvin Coolidge disse, em dezembro de 1928, que "nenhum Congresso dos Estados Unidos já reunido para avaliar o Estado da União se deparou com uma perspectiva mais agradável que a que se apresenta no tempo atual". Quando transmitiu o cargo a seu sucessor, Herbert Hoover, no início de 1929, o país estava em um ciclo de expansão que já durava mais de um ano.
Hoover, por sua vez, disse ao aceitar a indicação em 1928 para disputar a presidência pelo Partido Republicano que os Estados Unidos estavam "mais perto do triunfo final sobre a pobreza". As políticas impopulares de seu governo em matéria econômica durante a crise --principalmente devido a uma certa postura inflexível de seu secretário do Tesouro, Andrew Mellon-- lhe custariam a presidência em 1932, com a derrota para Franklin Roosevelt.
O Fed (Federal Reserve, o BC americano) não conseguiu conter a crise, que levou milhares de bancos no pais a fechar. O presidente da instituição até 1928 foi Benjamin Strong; ele esteve à frente da instituição durante a fase otimista do mercado. Já seu sucessor, George Harrison, teve de conduzir o BC americano na pior crise do país.
Na busca por responsáveis pelo desastre financeiro, surge o nome de Charles Mitchell, presidente (1921-1929) e, posteriormente, presidente do conselho (1929-1933) do National City Bank, instituição que viria a se tornar o Citibank. Ele foi investigado por uma comissão do Senado por práticas de mercado de ações e seus efeitos sobre o comércio, o sistema bancário e o mercado de títulos do governo, além de sonegação e evasão de divisas.

A Crise de 1929 – Repercussões Mundiais

A Crise de 1929 estourou nos Estados Unidos com o crack da bolsa de Nova York e depois assolou praticamente todo o mundo ocidental numa crise econômica considerada como a maior desde o advento da Primeira Revolução Industrial, no final do século XVIII, ocorrida na Inglaterra.
A historiografia acerca do tema divide-se basicamente em duas vertentes que procuram explicar, cada um a sua maneira, os fatores desencadeadores desta crise econômica nos Estados Unidos e sua repercussão mundial. A primeira seria a linha marxista e a segunda a linha liberal. Ressalta-se que a explicação liberal encontra dois caminhos distintos: uma vertente segue o caminho de explicação da Crise de 1929 como uma crise agrária e outra como uma crise financeira.
A corrente marxista entende que a Crise de 1929 só foi possível devido à superexploração do mercado consumidor. Ou seja, o mercado consumidor foi tão explorado, com baixos salários e instabilidade no emprego, que chegou um momento que seu poder de compra não foi suficiente para suprir a demanda. A concentração de renda chegou a um ponto insuportável.
A corrente dos liberais entende que a crise econômica dos Estados Unidos tornou-se mundial na medida em que este país era um dos principais compradores e financiadores mundiais. No entanto, para uns a crise nos EUA iniciou-se em meados de 1925, com uma crise de superprodução agrária. Esta linha irá argumentar que o aumento da produtividade agrária norte-americana, para suprir os países mergulhados na Primeira Guerra Mundial (1914-1919), estimulou o setor financeiro. Terminada esta guerra a produção norte-americana se mantém, mas os países europeus iniciam uma recuperação e já não compram a mesma quantidade que obtinham durante a Primeira Guerra. Esta situação gerou a superprodução. Com isso, o setor agrário não pôde pagar os empréstimos tomados no setor financeiro, o que arrastou este último para a crise – desembocada na Bolsa de Valores.Para outros, da mesma corrente dos liberais, o que ocorreu foi uma crise financeira. Esta linha desenvolve a idéia de que o setor financeiro, na ocasião da Primeira Guerra Mundial, retirou os investimentos que havia na Europa e, com receio de perder capitais, o investiram em massa nos Estados Unidos, sobretudo na Bolsa de Valores. Com o fim desta guerra, estes investidores se apressaram em retirar seus capitais na Bolsa de Valores para investir novamente na Europa. Esta situação provocou um verdadeiro colapso no sistema financeiro norte-americano e, em seguida, como conseqüência das inter-relações do sistema capitalista, mundial.
Expostas as três formas de se olhar o colapso econômico norte-americano e, a reboque, mundial, iremos analisar os pontos principais desta chamada Crise de 1929.
As crises econômicas são vistas de forma diferente conforme o referencial teórico. Para os marxistas, as depressões econômicas evidenciavam que o sistema capitalista chegaria a um estágio em que tais crises o ruiriam, demonstrando suas contradições, a ponto de o fazer desmoronar enquanto sistema. No entanto, para o liberalismo clássico, fundamentado por Adam Smith e Davi Ricardo, tais crises eram "normais" e até bem vindas, pois mostravam o poder de transformação que o capitalismo possuía. Nestas crises econômicas, os menos preparados caíam. Sobravam, contudo, os mais capacitados.
O contexto histórico em que se passa a Crise de 1929 evidencia que esta, no entanto, não pode ser considerada uma crise comum, "normal". Os países recém saídos da Primeira Guerra Mundial não conseguem retomar as cifras econômicas anteriores a guerra. Além disso, o capitalismo havia avançado nos grandes países industrializados. Esta situação provocou uma inter-relação entre estes países capitalistas considerados "centrais". Por outro lado, os países periféricos, como os da América Latina, sobreviviam basicamente das exportações a estes países mais desenvolvidos economicamente. Esta rede de dependências mútuas fez com que uma crise econômica norte-americana tornasse proporções mundiais. Somente a União Soviética não foi afetada com tal crise, exatamente porque ela não fazia parte desta rede de relações capitalistas, pois neste país havia um Estado Socialista.
Outros aspectos são indicados para se compreender a Crise de 1929. O Tratado de Versalhes, elaborado após a Primeira Guerra Mundial, impôs à Alemanha o pagamento de indenizações por ser considerada a "culpada" pela guerra. A crise econômica que se instalou na Alemanha com estas imposições, dentre outras, provocou um clima de instabilidade na Europa, uma vez que a este país era uma das principais economias neste momento.
A crise de desemprego que assolou o mundo após a Primeira guerra mundial nos ajuda a entender a perspectiva marxista de que havia um subconsumo. Além do desemprego, os baixos salários (que podem ser conseqüência deste quadro) e a falta de estabilidade no emprego e numa futura aposentadoria levavam à um grande queda de consumo. Outro aspecto ímpar da Crise de 1929 é seu caráter universal, pois afetou todos os setores da economia e todas as camadas da sociedade. Os países capitalistas centrais diminuem drasticamente suas importações, ocasionando crises terríveis nos países exportadores. A falta de créditos no mercado piora ainda mais este quadro.

Um acontecimento de tal amplitude não poderia deixar de repercutir na política dos países afetados. O liberalismo clássico entrou em crise. Os países atingidos trataram de intervir na economia para tentar salvar o que restara. O exemplo mais conhecido é o New Deal, nos Estados Unidos, posta à frente por seu presidente Franklin D. Roosevelt (1933-45). Um economista defendeu a idéia de que a crise era um problema de má distribuição da riqueza. Segundo John Maynard Keynes (1883-1946), os governos deveriam garantir que as camadas populares possuíssem meios de sobrevivência e consumo, para garantir o desenvolvimento do sistema capitalista. Além disso, as idéiasdeste teórico britânico foram bem aceitas pelos governos devido ao seu aspecto político-social. Ou seja, desenvolvendo medidas de proteção ao trabalhador (salário-mínimo e seguro-desemprego, por exemplo) estes governos impediam, conseqüentemente, a eclosão de revoltas em massa decorrente da caótica situação econômica.
Outro aspecto político discutido é em relação aos regimes fascistas. Alguns estudiosos afirmam que a crise econômica foi a grande responsável pela ascensão destes regimes totalitários. Argumenta-se que nos momentos de crise econômica, o surgimento de idéias autoritárias ganha força, ainda mais num colapso das proporções da ocorrida em 1929. No entanto, como bem mostra o historiador Eric Hobsbawn, as origens da ideologia fascista remonta à um outro quadro. Seguindo a linha de raciocínio estabelecida por este estudioso, aascensão do fascismo após a Primeira Guerra Mundial foi uma resposta ao perigo real da eclosão das massas trabalhadoras, e à Revolução Russa (a de Outubro de 1917, onde se levantou uma opção ao sistema liberal capitalista vigente). Por fim, existe uma outra vertente para o surgimento dos regimes fascistas. Este seria um modelo político erguido num momento específico de "vazio hegemônico". Ou seja, na década de 1920 e 1930, não haveria um segmento da sociedade com condições de estabelecer a hegemonia de seu projeto político. Neste momento, então, surge a figura de um líder que "toma pra si" a responsabilidade política de desenvolver a nação. Estas são, grosso modo, as linhas gerais que introduzem a discussão acerca do fascismo. Mas isso será objeto futuro. Quanto à Crise de 1929, esperamos ter abordado seus aspectos mais importantes.


NEW DEAL: A Reação Norte-Americana


Em 1932, 0 povo norte-americano elegeu Franklin Delano Roosevelt para presidente dos Estados Unidos. Roosevelt propôs uma novidade: o abandono do velho liberalismo econômico. Para salvar o capitalismo em crise, era preciso botar o Estado intervindo fortemente na economia. Foi isso que Roosevelt fez. Seu plano econômico chamava-se New Deal (Novo Acordo ou Novo Tratamento) e acabou sendo imitado por quase todos os países do mundo.
Em primeiro lugar, o governo tentou planejar um pouco a economia. Ou seja, em vez de deixar o mercado aquele caos absoluto, o Estado passou a vigiar de perto, disciplinar os empresários, corrigindo os investimentos arriscados, fiscalizando as loucuras especulativas nas bolsas de valores.
Outra medida fundamental foi a criação de um vasto programa de obras públicas. O governo norte-americano criou empresas estatais e também contratou empresas privadas para fazerem estradas, praças, barragens, canais de irrigação, escolas públicas, etc. Ao fazer a obra pública o governo também oportunizou emprego para milhões de trabalhadores.
O New Deal criou leis sociais que protegiam os trabalhadores e os desempregados. No começo esse ponto foi rejeitado pelos empresários. Sem entender direito, eles chegaram ao absurdo de acusar Roosevelt de comunista. Na verdade, era um homem que via longe. Percebeu que para salvar o capitalismo da crise era necessário assegurar um mínimo de consumo por parte dos trabalhadores. O sistema não poderia continuar funcionando se os operários não pudessem colher alguns benefícios do crescimento econômico.
Outras medidas pareceram irracionais. Por exemplo, o governo comprava estoques de cereais e mandava queimar. Ou então pagava aos agricultores para que não produzissem. Que loucura! Milhões de pessoas passando fome e o governo destruindo comida! Bem, não era tão irracional assim. O New Deal apenas seguia a lógica capitalista, ou seja, era preciso acabar com a superprodução de qualquer jeito.
O New Deal deu certo? Nos primeiros anos, só um pouco. Depois a coisa foi melhorando devagarzinho. No final, a economia dos EUA só voltou a se recuperar mesmo a partir da Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Se você parar para pensar, pode concluir uma coisa tenebrosa: foi a guerra que resolveu de vez o problema da crise capitalista de 29? Foi. A guerra fez os governos encomendarem quantidades gigantescas de aço, máquinas, peças, mobilizando toda a indústria. Além disso, a guerra resolveu o problema do desemprego de modo arrepiante: milhões de desempregados morreram nos campos de batalha. Que coisa, não? Será que no mundo atual ainda corremos o risco de outra guerra mundial para salvar a economia capitalista da crise?

AS DITADURAS E A DEMOCRACIAS LIBERAIS


AS DITADURAS E A DEMOCRACIAS LIBERAIS



Após a 1ª Guerra, as democracias liberais, impuseram na Europa, mas tinham vários problemas a enfrentar:
As dificuldades econômicas do após guerra:
- Desemprego ;
- Conflitos sociais (greves, manifestações…) ;
- A grande crise de 1929


O triunfo da revolução socialista na Rússia : As camadas sociais mais favorecidas assustaram-se e apoiaram os Partidos de Extrema Direita, na tentativa de travar a difusão do comunismo.


O APARECIMENTO DO ESTADO FASCISTA
A Itália foi o primeiro estado Fascista, propunha uma nova ordem econômica e social e baseava-se nos seguintes princípios:
- Criação de um estado forte e disciplinado;
- Existência de um partido único;
- Criação do corporações profissionais;
- Nacionalismo e Imperialismo.


O fascismo nega que a maioria, só pelo fato de ser maioria, possa dirigir as sociedades humanas; nega que essa maioria possa governar graças a consultas eleitorais periódicas. Afirma que a desigualdade é, para o Homem, inapagável, fecunda e benfazeja (…). O fascismo recusa, na democracia, a absurda mentira da igualdade política (…).
Para fascista tudo está no Estado, nada do que é humano ou espiritual existe fora do Estado. Nesse sentido o fascismo é totalitário (…). Nem partidos políticos, nem sindicatos, nem indivíduos podem existir fora do Estado. Por conseqüência o fascismo opõe-se ao socialismo (…) e é inimigo do sindicalismo.
O fascismo quer um Estado forte, poderosamente organizado e apoiado numa base popular (…). O fascismo não acredita nem na possibilidade, nem na utilidade de uma paz perpétua (…).
Só a guerra desenvolve ao máximo todas as energias humanas.


Mussolini, A doutrina do fascismo, (1930)


A CONSOLIDAÇÃO DO FASCISMO NA ITÁLIA
A primeira Guerra Mundial teve para a Itália graves consequências, não só em custos humanos (mais de 1 milhão de mortos e de feridos), mas também grandes consequências econômicas:
- Desvalorização da moeda;
- Subida em flecha dos preços;
- Desmobilização de mais de 2 milhões de soldados;
- Desemprego;
- Grande agitação social;
- Greves;
- Ocupação de fábricas e de grandes propriedades.

Assustados os industriais e os grandes proprietários apoiaram um pequeno partido de Extrema-Direita: O Partido nacionalista Fascista. Dispondo de milícias armadas (os camisas negras), usavam a violências contra os militantes de esquerda e reprimiam os grevistas.
Em 1922, o Rei de Itália entregou o poder a Mussolini. Nas eleições de 1924, realizaram-se eleições, mas recorrendo da força e das falsificações, os fascistas conseguira alcançar a maioria dos lugares no parlamento. O fascismo não permitia:
- Os partidos políticos;
- Existia a censura, aos meios de comunicação; - Os Sindicatos foram proibidos e surgiram as corporações;
- O Estado tomava em mãos a formação da juventude, quem era incutido o sentido de disciplina e obediência.

CARACTERÍSTICAS FUNDAMENTAIS DO FASCISMO
-Combater o socialismo e comunismo, por os considerarem destruidores dos valores tradicionais; - Rejeição ao parlamentarismo, acusado de gerar divisões e enfraquecer a unidade nacional;
- Desprezo pelos direitos dos homens, uma vez que os direitos individuais tinham de estar submetidos aos interesses do Estado;
- Ultranacionalismo, defendendo a Nação como o valor mais importante;
- Enaltecimento da autoridade do chefe;
- Existência de um partido único;
- O corporativismo, através do qual se pretendia ultrapassar os conflitos de classes;
- Culto da força e da violência.

PORTUGAL: A DITADURA SALAZARISTA

Em 1932, em Portugal, aconteceu o período da ditadura. Instaurada pelo primeiro ministro António de Oliveira Salazar, que se elegeu deputado pelo partido Centro Católico. Em 1926, um golpe de Estado derrubou o governo republicano e instaurou uma ditadura militar. Salazar ocupou o cargo de ministro das Finanças por apenas 13 dias.
Em 1928 voltou a ser chamado pelo governo, foi incapaz de resolver a crise financeira do país. Como ministro da Fazenda, rapidamente controlou não apenas as finanças, mas toda a política.
Em 1932 tornou-se primeiro-ministro e instaurou uma ditadura inspirada no fascismo, conhecida como salazarismo. No mesmo ano transformou a governista União Nacional no único partido de Portugal. Proibiu greves, estabeleceu a censura, reprimiu a oposição e organizou uma polícia política.
Durante a Segunda Guerra Mundial, Portugal manteve-se neutro, apesar de sua afinidade ideológica com o Eixo. Em 1958 o governo aboliu o direito ao voto. Logo depois, a recusa de Salazar em conceder independência às colônias africanas deu início a guerras de libertação em Angola, Moçambique e Guiné-Bissau.
Em 1968 Salazar sofreu um derrame cerebral e foi afastado do poder. Morreu dois anos depois em Lisboa. O fim do salazarismo só aconteceu com a Revolução dos Cravos, em 25 de abril de 1974.
O golpe de Estado de 28 de Maio de 1926, instaurou uma Ditadura Militar, contudo a instabilidade política e os problemas económicos persistiram, e foi neste clima de instabilidade, que em 1928, o General Óscar Carmona, convidou António Oliveira Salazar para Ministro das Finanças. Recorrendo ao aumento de impostos, Redução das despesas (domínio da saúde, da educação e dos salários dos funcionários públicos), Conseguiu reorganizar as finanças do País e pela primeira vez no século XX, as receitas foram maiores que as despesas.


CARACTERÍSTICAS DO SALAZARISMO:


- Regime conservador e autoritário (pressupõe intervencionismo estatal); ideologia assente nos valores de Deus, Pátria e Família (conservador); poder legislativo submetido ao Governo (autoritário).
- Anticomunismo / antidemocracia / antiliberalismo;
- Corporativismo (o corporativismo retirou aos trabalhadores toda a capacidade reivindicativa);patrões e operários obrigados a entendimento permanente, de acordo com o Estatuto do Trabalho Nacional.
- Repressão; ligada à PIDE
- Polícia Política (PIDE);
- Censura;
- Propaganda Política
- Partido Único;
- Educação da Juventude;
- Culto do Chefe;
- Proteccionismo (nacionalismo económico – objectivo: autarcia; protecção em relação a produtos estrangeiros);
- Colonialismo/Imperialismo (Acto Colonial de 1930; Império Colonial Português – tema de propaganda política);Portugal tem a obrigação de civilizar as colónias e estas de servirem de apoio ao desenvolvimento económico da Metrópole.


A EDIFICAÇÃO DO ESTADO NOVO
A Constituição de 1933
Com a Constituição põem-se termo à Ditadura Militar e inicia-se o Estado Novo. Mantinha eleições por sufrágio directo e continuava a reconhecer as liberdades e os direitos individuais , fazendo-os depender dos «interesses do Estado. Mas progressivamente Salazar foi concentrando em si todos os poderes. As funções do Presidente foram reduzidas. A Assembleia Nacional limitava-se a aprovar leis do governo. As liberdades individuais (liberdade de imprensa, de reunião, direito à greve…) foram ignoradas ou seriamente restringidas.

ORGANIZAÇÕES FASCISTAS
- Legião Portuguesa : Organizada e armada para defender o regime e combater o comunismo.
- Mocidade Portuguesa: Organização juvenil que procurava desenvolver a devoção à Pátria, o respeito pela ordem, o culto ao chefe e o espírito militar. A esta organização deveriam pertencer os jovens entre os 7 e 14 anos.

EDIFICAÇÃO DO ESTADO NOVO

A CENSURA
A censura à imprensa foi instituída em 1926, progressivamente foi-se estendendo ao Teatro, Cinema, Rádio e Televisão. Evitava-se, assim, qualquer crítica ao Estado Novo e impedia-se a criação de uma opinião pública contra as idéias do Governo.

A POLÍCIA POLÍTICA
Foi reorganizada na década de 30. Primeiro chamou-se Polícia de Vigilância e Defesa do Estado (P.V.D.E). A partir de 1945, passou a designar-se de Polícia Internacional de Defesa do Estado (P.I.D.E) Utilizou as formas mais sofisticadas de tortura física e psicológica. Enviou opositores para a prisão e campos de concentração. Violou correspondência, invadiram residências. Assassinaram, sendo o mais conhecido, o assassinato do General Humberto Delgado.

O CORPORATIVISMO
Esta teoria defendia a subordinação dos interesses individuais e de classe aos interesses do Estado. Os trabalhadores estavam organizados em sindicatos nacionais. O Estado competia arbitrar as negociações de modo a garantir o direito ao trabalho e a um salário justo. Sendo as greves e os Lock-out proibidos. Foram também criadas as Casas do Povo e as Casas dos Pescadores.

O COLONIALISMO
Eram a fonte de matéria-prima, que abastecia a indústria nacional, funcionando igualmente como mercados para escoar os produtos.

A ESPANHA FRANQUISTA

Na Espanha em 1939 e 1975, foi aplicado um regime político baseado no fascismo, durante a ditadura de Francisco Franco.Quando terminou a Guerra Civil Espanhola, e com a vitória dos auto-denominados nacionalistas, então, Franco passou a ser chefe de Estado.
Nos primeiros anos o regime franquista levou a cabo uma repressão brutal contra os adversários, deu apoio a Hitler e a Mussolini e praticou uma política econômica, onde parou como o desenvolvimento do pais. Com o passar do tempo,o regime entrou em contato com os EUA e deste então, mudou a política econômica, durante os anos de 1960, produziu-se um aumento notável do nível de vida da população em geral.
A Guerra Civil Espanhola só se concluiu em 1939, com a derrota da Frente Popular e a vitória do General Franco. Assumindo o poder, o governo espanhol adquiriu contornos autoritários, revelando semelhanças ao fascismo.
Em 1937, foi criado o Partido Único, a Falange, que reunia forças que haviam apoiado o golpe militar e atuação de Franco durante a guerra. As idéias corporativistas do regime foram fixadas pelo Fuero del Trabajo, em que se enaltecia a família, o sindicato, o município. O franquismo contou, também, com o apoio da Igreja.

O NAZISMO ALEMÃO

O NAZISMO ALEMÃO

Ao final da Primeira Guerra Mundial, instaurou-se na Alemanha a República de Weimar, tendo como sistema de governo o modelo parlamentarista democrático. O presidente da república nomeava um chanceler, que seria responsável pelo poder Executivo. Quanto ao poder Legislativo, era constituído por um parlamento (Reichstag).
O governo republicano alemão enfrentava uma série de dificuldades para superar os problemas sociais e econômicos gerados pela guerra. O Tratado de Versalhes impunha à Alemanha uma série de obrigações extremamente duras. Mesmo retomando o desenvolvimento industrial, o país sofria com o elevado índice de desemprego e altíssimas taxas inflacionárias. Entusiasmados com o exemplo da Revolução Russa, importantes setores do operariado alemão protestavam contra a exploração capitalista.
Em janeiro de 1919, importantes líderes comunistas, como Rosa Luxemburg e Karl Liebknecht promoveram a insurreição do proletariado alemão contra o regime capitalista. Rosa Luxemburg e Karl Liebknecht foram assassinados por um grupo de oficiais de direita.A burguesia alemã temia a expansão do movimento socialista e passou a fornecer apoio a um pequeno partido liderado por Adolf Hitler.

A Ascensão de Hitler

Nascido em Braunau, na Áustria, Hitler (1889-1945) teve uma juventude marcada por mágoas, fracassos e dificuldades financeiras, Residiu em Viena, de 1909 a 1913, quando, então, transferiu-se para Munique. No ano seguinte alistou-se como voluntário no Exército alemão. Durante a Primeira Guerra Mundial, foi condecorado com a Cruz de Ferro, medalha atribuída como recompensa por mérito militar.
Terminada a guerra, Hitler retornou a Munique. Em setembro de 1919, filiou-se ao Partido dos Trabalhadores Alemães, fundado em 1919. Em 1920, esse partido passou a se chamar Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães. Pouco tempo depois, Hitler tornou-se chefe do partido. Com as letras iniciais foi formada a sigla NAZI, de onde deriva o termo nazismo.
Em 1923, Hitler tentou organizar uma rebelião contra o governo, mas foi imediatamente reprimido pelas forças do governo.Condenado à prisão, Hitler escreveu, durante o tempo em que passou na prisão, parte do livro Mein Kampf (minha luta). Em 1940, a venda do livro já chegava a seis milhões de exemplares.
Hitler foi libertado oito meses após sua condenação, dedicando-se ao crescimento e à estruturação do Partido Nazista.O nazismo foi difundido através do talento oratório de Hitler, das publicações do partido e do uso de meios espetaculares para influenciar a opinião pública.
Von Hindenburg foi eleito presidente da República de Weimar em 1925, mas não conseguiu superar as dificuldades que encontrou. A grave crise do capitalismo de 1929 arruinou ainda ,mais a situação alemã, colaborando para que os nazistas conquistassem a vitória no parlamento alemão. A alta burguesia pressionou o presidente a convidar Hitler para o cargo de chanceler. O Partido Nazista representava a solução para a crise do sistema capitalista.

O Governo de Hitler

Hitler assumiu o cargo de chanceler em 30 de janeiro de 1933. Os principais métodos utilizados pelo nazismo foram a violência brutal ou opressiva contra seus opositores.Em 27 de fevereiro, grupos de nazistas, incendiaram secretamente a sede do parlamento alemão. O incêndio, entretanto, foi atribuído ao Partido Comunista.
Em março de 1933, depois de o Partido Nazista obter nova vitória nas eleições para o Reichstag, Hitler conseguiu que o presidente Hindenburg decretasse a dissolução do parlamento alemão. Então, o poder Legislativo passou a ser exercido pelo Executivo.O uso da violência contra seus inimigos do nazismo ficava a cargo principalmente da Gestapo (polícia secreta do Estado), dirigida pelo sangüinário Heinrich Himmler.
A propaganda de massa feita pelo nazismo era conduzida por Joseph Goebbels, que exercia severo controle sobre as instituições educacionais e sobre os meios de comunicação. Os professores e profissionais de comunicação somente estavam autorizados a dizer aquilo que os nazistas queriam ouvir.Goebbels tinha o seguinte princípio: Uma mentira dita cem vezes torna-se verdade.
Em dezembro de 1933, o Partido Nazista foi transformado no único partido do Estado alemão. Nove meses depois, com a morte do presidente Hindenburg, Hitler assumiu a presidência do país. Exercendo total controle sobre a sociedade alemã, o governo de Hitler dedicou-se à reabilitação econômica do país. Mereceu atenção especial a indústria de armamentos de guerra. Desrespeitando as proibições do Tratado de Versalhes.
Após a Primeira Guerra Mundial, a Alemanha foi palco de uma revolução democrática que se instaurou no país. A primeira grande dificuldade da jovem república foi ter que assinar, em 1919, o Tratado de Versalhes que, impunha pesadas obrigações à Alemanha.

À medida que os conflitos sociais foram se intensificando, surgiram no cenário político-alemão partidos ultranacionalistas, radicalmente contrários ao socialismo. Curiosamente, um desses partidos chamava-se Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães (Partido Nazista) e era liderado por um ex-cabo de nome Adolf Hitler. As eleições presidenciais de 1925 foram vencidas pelo velho Von Hindenburg que, com a ajuda do capital estrangeiro, especialmente norte-americano, conseguiu com que a economia do país voltasse a crescer lentamente. Esse crescimento, porém, perdurou somente até 1929.

Foi quando a crise econômica atingiu com tal força a Alemanha, que, em 1932, já havia no país mais de 6 milhões de desempregados. Nesse contexto de crise, os milhões de desempregados, bem como muitos integrantes dos grupos dominantes, passaram a acreditar nas promessas de Hitler de transformar a Alemanha num país rico e poderoso. Assim, nas eleições parlamentares de 1932, o Partido Nazista conseguiu obter 38% dos votos (230 deputados), mais do que qualquer outro partido.

Valendo-se disso, os nazistas passaram a pressionar o presidente e este concedeu a Hitler o cargo de chanceler (chefe do governo). No poder, Hitler conseguiu rapidamente que o Parlamento aprovasse uma lei que lhe permitia governar sem dar satisfação de seus atos a ninguém. Em seguida, com base nessa lei, ordenou a dissolução de todos os partidos, com exceção do Partido Nazista. Em agosto de 1934, morreu Hindenburg e Hitler passou a ser o presidente da Alemanha, com o título de Führer (guia, condutor).

Fortalecido, o Führer lançou mão de uma propaganda sedutora e de violência policial para implantar a mais cruel ditadura que a humanidade já conhecera. A propaganda era dirigida por Joseph Goebbles, doutor em Humanidades e responsável pelo Ministério da Educação do Povo e da Propaganda. Esse órgão era encarregado de manter um rígido controle sobre os meios de comunicação, escolas e universidades e de produzir discursos, hinos, símbolos, saudações e palavras de ordem nazista. Já a violência policial esteve sob o comando de Heinrich Himmler, um racista extremado que se utilizava da SS (tropas de elite), das SA (tropas de choque) e da Gestapo (polícia secreta de Estado) para prender, torturar e eliminar os inimigos do nazismo.

No plano econômico, o governo hitlerista estimulou o crescimento da agricultura, da indústria de base e, sobretudo, da indústria bélica. Com isso, o desemprego diminuiu, o regime ganhou novos adeptos e a Alemanha voltou a se equipar novamente, ignorando os termos do Tratado de Versalhes.

A República de Weimar

A República de Weimar foi a forma de governo estabelecida na Alemanha em 1919, com a Constituição de Weimar. Desde o seu começo, a República enfrentou uma série de problemas políticos, sociais e económicos, que iam impedindo o restabelecimento da ordem e da estabilidade numa Alemanha devastada, sem bases sólidas para constituir uma verdadeira democracia liberal e sem capacidade de controlar o poder ascendente das elites alemãs.

Com a crise econômica mundial de 1929 (provocada por um estrondoso Crash Bolsista nos Estados Unidos), o desencantamento pela política começou a aumentar e surgiram os primeiros movimentos e, também, partidos extremistas.

Com efeito,a partir de 1930, a República de Weimar foi progressivamente passando de um regime parlamentarista para um regime presidencialista. Hidenburg é a figura máxima desta transformação, ao usar e abusar dos seus poderes de Presidente da República. O descrédito pelo parlamentarismo era cada vez maior. É neste contexto que Adolf Hitler (líder do Partido Nacional Socialista) chega a Chanceler, em Janeiro de 1933 e , consequentemente, acaba com a contestada Constituição de Weimar.

Weimar é uma cidade da Alemanha, antiga capital do ducado da Saxónia e do Grão-Ducado da Saxónia. Foi Capital Europeia da Cultura em 1999.
A República de Weimar corresponde a um período da História da Alemanha que decorre entre o fim do Segundo Reich alemão (1918) até à ascensão de Hitler ao poder em 1933. Iniciadas as conversações para a assinatura do Armistício em Outubro de 1918, rebentou uma revolta operária na Alemanha, que acabou por redundar num fracasso graças à divisão entre espartaquistas (defensores da instauração de um regime comunista) e sociais-democratas. Estes, aliados aos conservadores e ao exército, conseguem reprimir os espartaquistas e estabelecer uma república. O governo provisório desta, presidido por Ebert (social-democrata), elege então uma Assembleia Constituinte, encarregada de criar as instituições do novo regime republicano.

A Constituição de 1919 estabelecia assim uma república federal e parlamentar, à cabeça da qual se encontrava um presidente com amplas atribuições e competências. O poder legislativo repartia-se entre duas assembleias: o Reichstag , eleito por sufrágio universal em cada quatro anos, com incumbência de apresentar e votar leis, para além de ter responsabilidades de governo; e o Reichsrat , onde se reuniam os delegados representantes dos 17 länder alemães.

Os nacionalistas, todavia, nunca aceitaram que um governo do centro-esquerda surgido na sequência da revolta espartaquista tivesse assumido as condições do Tratado de Versalhes (Junho de 1919). A este descontentamento juntou-se a evolução do regime parlamentar democrático e social estabelecido na Constituição tendo em vista um regime presidencial. Entre 1925 e 1934, esteve à cabeça deste o marechal Hindemburg.
A crise económica surgida em 1929 desencadeará, porém, a derrocada da República de Weimar, tal era o descontentamento popular perante a situação de miséria e a impotência governativa em resolver a situação. Os nacionais-socialistas, agrupados em torno de Hitler desde a criação do seu partido em 1920 e em contínuo crescimento, saíram favorecidos com a crise.

Com as estruturas económicas debilitadas e os problemas políticos e sociais a agravarem-se dia-a-dia, bem como a pressão resultante do crescimento eleitoral dos nacional-socialistas de Hitler, Hindemburg encarrega-o de formar um novo governo. Alcançado o poder, não demorará mais de seis meses para Hitler deitar por terra as bases democráticas da República de Weimar, que agoniza então, e acaba por cair perante a instauração de um regime ditatorial na Alemanha.

HITLER E O 3° REICH

III Reich (Império Alemão)

Depois do Primeiro Reich (ou Sacro Império Romano-Germânico), de 962 a 1806, e do Segundo, de 1871 a 1918, e principalmente devido à humilhação que se traduziu com a queda do imperador Guilherme II no fim da Primeira Guerra Mundial e todas as imposições que a nação alemã teve que aceitar incondicionalmente, Adolf Hitler alimentou o sonho de um Terceiro Reich, que acaba por impor em 1933, depois da subida ao poder do seu Partido Nacional-Socialista, que ganhara supremacia eleitoral durante a confusão política que se seguiu à crise económica de 1929-1930, criadora de instabilidade e favorável ao aparecimento de extremismos.
Fundado em 1919, na ressaca do humilhante Tratado de Versalhes desse ano - pelo qual a Alemanha é obrigada a pagar indemnizações de guerra aos Aliados, a reduzir os seus efectivos militares e a abandonar as colónias -, o partido nazi de Hitler, depois da revolta falhada de 1923, decide atingir o poder por vias legais. Porém, a relativa prosperidade e estabilidade que a Alemanha conhece entre 1924 e 1929 proporciona fracos resultados eleitorais para os nazis. Serão as promessas hitlerianas de superação da grave crise económica da Grande Depressão, o repúdio ao Tratado de Versalhes ("uma facada nas costas da Alemanha", diziam) e a defesa do rearmamento alemão que cativarão gradualmente o eleitorado.
Em 1932, são já a mais representativa formação partidária com assento no Reichstag (parlamento), ganhando expressão política com a nomeação, no ano seguinte, de Hitler como chanceler, pelo marechal Hindenburg.
Imediatamente, Hitler prepara a imposição da ditadura, abolindo a constituição da República de Weimar (1919-33) e todos os partidos políticos com excepção do seu, passando igualmente a controlar os tribunais, os jornais, a polícia e a escola. Abandona também a Sociedade das Nações e as conferências de desarmamento, reactivando o serviço militar obrigatório. Na Alemanha, assassinam-se os opositores, declarados ou suspeitos; "purga-se" mesmo o partido nazi, aprisionando-se em campos de concentração os que não eram liquidados; assiste-se à fuga de muitos alemães. Os corpos militares do partido (SA, Sturmabteilung, e SS, Schutzstaffel) e a sua polícia (Gestapo) impunham torturas e um clima de terror. Com a morte de Hindenburg em 1934, Hitler autodeclara-se der Führer (o líder), unindo a presidência e a chancelaria na sua pessoa. A resistência política desaparece; muitos seguem-no, animados pelo seu programa de reconstrução económica do país (estradas, indústria de guerra e afins, auto-suficiência...).
Os objetivos de Hitler prendiam-se com a imposição da superioridade alemã afirmada no princípio de que os outros povos eram inferiores, principalmente os Judeus (na realidade, detinham a estrutura econômica alemã, cobiçada pelos nazis para garantirem a reconstrução económica), os Eslavos, os ciganos e outros povos não-germânicos. Neste quadro de actuação, defendia a criação de um "espaço vital" (Lebensraum) para o povo alemão, fórmula achada para legitimar o expansionismo do Reich, nomeadamente a Leste. O anti-semitismo era outra faceta desta política, pela qual a Alemanha pretendia "limpar" o país: assim, Hitler, em 1933, ordena o afastamento dos Judeus dos cargos governamentais. A perseguição que lhes move atinge contornos irreais a partir de 1935, com a abolição dos direitos de cidadania e a fuga de perto de 500 000 judeus do país (onde circulavam devidamente identificados por uma estrela de David amarela). Em 9 de Novembro de 1938, grupos incendiarão as sinagogas e destruirão os negócios dos Judeus, numa noite que terá ficado conhecida como a Noite de Cristal (Kristallnacht), ou dos vidros partidos.
Ao mesmo tempo, Hitler e a Alemanha nazi preparam-se para a guerra. Violando claramente o Tratado de Versalhes de 1919, ocupam a Renânia em 1936, ano em que assinam um pacto com a Itália facista de Mussolini e um acordo anti-comunista com os japoneses, formando, estas três nações, o Eixo Roma-Berlim-Tóquio. Em Março de 1938, os alemães ocupam a Áustria, anexando-a ao Reich (Anschluss). Neste mesmo ano, conseguem ocupar a região checa, de maioria alemã, dos Sudetas, com a anuência de Inglaterra e França (Acordos de Munique). O que restava da Checoslováquia fica desmembrado no ano seguinte, com o protectorado alemão imposto na Boémia-Morávia. Em Agosto de 1939, o Reich consegue mais um dos seus embustes diplomáticos, ao acordar com a URSS a sua neutralidade caso um dos países se envolvesse numa guerra, concordando também, mas secretamente, com a divisão da Polónia e boa parte da Europa de Leste entre ambos. No mês seguinte, todavia, os alemães forçam a fronteira polaca e marcham sobre Dantzig, cujo "corredor" pretendiam conquistar para se unirem à Prússia Oriental, o que desencadeia a Segunda Guerra Mundial (cuja história é inseparável da do regime hitleriano).
O Terceiro Reich sai derrotado e completamente destruído do conflito, apesar de ter dominado fulminantemente até 1941 (Blitzkrieg). Declarando guerra às várias potências europeias, sucessivamente, e depois aos EUA, sofre desaires tremendos na frente russa: a Alemanha nazi vai perdendo força militar (nomeadamente com os bombardeamentos aliados do país a partir de 1943), sendo acossada para as suas fronteiras e acabando por se render incondicionalmente em 1945, vindo depois a perder antigos territórios e a redefinir as suas fronteiras (acordos de Yalta e Potsdam). Nesse período de 1939-1945, o anti-semitismo é elevado para além do imaginável, perpetrando-se actos de perfeita insanidade contra cerca de seis milhões de judeus, vítimas dos campos de concentração nazis (Holocausto), a par de mais de cinco milhões de alemães mortos, não contando feridos, desaparecidos e toda a destruição brutal do país e de grande parte da Europa e do mundo.

Por que os Alemães escolheram o Hitler?

Certezas Provisórias:

- A maioria do Parlamento alemão não era nazista;
- Boa parte era comunista;
- Muitos alemães fugiram da Alemanha por causa do Hitler e do nazismo;
- Os alemães homenagearam Hitler como um Deus;
- Hitler era expansionista;
- E Hitler impediu uma possível revolução comunista;


Dúvidas Temporárias:

- Hitler conseguiu o poder por meio de força ou por meios democráticos?
- Por que Hitler perseguia os judeus?
- Hitler se matou e matou sua mulher ou ele se matou sendo acompanhado pela sua mulher?

Por que a Intolerância Racial?

O nazismo desenvolveu várias teorias a respeito de raças. Afirmavam poder estipular cientificamente uma hierarquia estrita entre "raças humanas"; no topo, estava a "raça nórdica", e em seguida, as "raças inferiores". Na parte inferior desta hierarquia estavam as raças "parasíticas", ou "Untermenschen" ("subumanos"), os quais eram percebidos como perigosos para a sociedade. Os mais baixos de todos na política racial da Alemanha Nazista eram os africanos, ciganos e judeus. Ciganos e judeus eram eventualmente considerados Lebensunwertes Leben ("vida indigna de viver"). Os judeus, e posteriormente os ciganos, tornaram-se cidadãos de segunda-classe, expulsos da Alemanha Nazista antes de serem confinados em campos de concentração e depois exterminados durante o Holocausto (ver a descrição de Raul Hilberg das várias fases do Holocausto). Richard Walther Darré, Ministro da Alimentação e Agricultura do Reich entre 1933 a 1942, popularizou a expressão "Blut und Boden" ("Sangue e Solo"), uma das muitas expressões do glossário da ideologia nazista usadas para reforçar o racismo popular entre a população alemã.

Ideologia Nazista

A ideologia nazista dizia que por ser a nação a expressão da raça, a grandeza da raça poderia ser avaliada de acordo com a capacidade e desejo de uma "raça" em obter uma grande terra natal. As realizações germânicas na ciência, tecnologia, filosofia e cultura eram interpretadas como evidências científicas para apoiar a ideologia racista nazi. A "pureza racial" era vista como carecendo de proteção, enquanto clínicas "Lebensborn" tentavam gerar uma "raça ariana mais pura", inclusive através da tomada à força de crianças norueguesas das mães e levando-as para serem criadas no Terceiro Reich. A própria arte era considerada capaz de gerar "degeneração racial" e rotulada como "arte degenerada" ("Entartete Kunst"), acusada de ser não-germânica ou "judeu-bolchevique".

Este conjunto de alegações desenvolveu-se a partir de um movimento maior de racismo científico, desenvolvido conjuntamente com teorias de darwinismo social e evolucionismo uniliear, que colocavam a cultura européia na liderança mundial. O racismo científico era ensinado nas maiores universidades da Europa e dos Estados Unidos através da década de 1930. O nazismo combinou isso com teorias pangermânicas e anti-semitas, as quais inspiraram as políticas raciais do Terceiro Reich, em particular as Leis de Nuremberg de 1935. Além disso, desenvolveu reivindicações pelos "Heimatvertriebene" ("alemães banidos"), isto é, membros do povo alemão residentes fora do Reich.
Tais teorias do racismo científico também foram mescladas por algumas correntes nazistas com a "Ariosofia", parte do misticismo nazi o qual criou um mito em torno da assim chamada "raça ariana". As relações entre o misticismo nazista e teorias racistas pseudo-científicas foram continuadas no pós-guerra por alguns teóricos do movimento esotérico hitlerista. Assim, Alfred Rosenberg, um dos principais teóricos raciais dos nazistas, imaginou uma "religião de sangue" a qual transformaria o cristianismo num "Cristianismo positivo", o qual via no Cristo um membro da assim chamada "raça nórdica" a qual o povo alemão pretensamente pertencia. Estas idéias a respeito de uma "religião racial" foram popularizadas no jornal Der Stürmer, encabeçado por Julius Streicher, e no semanário do NSDAP, o Völkischer Beobachter, editado por Rosenberg.
Filósofos e outros teóricos também participaram da elaboração da ideologia nazista. O relacionamento entre Heidegger e o nazismo permanece um tema controverso na história da filosofia até os dias de hoje. De acordo com o filósofo Emmanuel Faye, Heidegger diz de Spinoza que este era "ein Fremdkörper in der Philosophie", um "corpo estranho na filosofia" — Faye observa que Fremdkörper era um termo pertencente ao glossário nazista, e não ao alemão clássico.[1] O jurista Carl Schmitt elaborou uma filosofia do direito louvando o Führerprinzip e o povo alemão, enquanto Alfred Baeumler instrumentalizou o pensamento de Nietzsche, em particular seu conceito de "Vontade de poder", numa tentativa de justificar o nazismo.
Quatro livros pertencentes à ideologia do racismo científico, os quais reivindicavam que diferenças raciais percebidas eram hierárquicas e centrais para a ordem social, tiveram uma influência preponderante sobre a trajectória das teorias raciais nazis:

- Essai sur l'inégalité des races humaines (Ensaio sobre a desigualdade das raças humanas) do Conde Arthur de Gobineau (1853);
- Hereditary Genius: An Inquiry into Its Laws and Consequences de Francis Galton (1870);
- The Passing of the Great Race de Madison Grant (1916/1924);
-The Rising Tide of Color Against White World Supremacy de Lothrop Stoddard (1920).
Eugenistas estadunidenses trocaram idéias com seus congêneres na Alemanha Nazista (Lombardo 2002; Kühl 1994).

Propaganda e Implementação das Teorias Raciais

Os nazistas desenvolveram um elaborado sistema de propaganda para difundir estas teorias em seu regime, as quais levaram vários teóricos a qualificá-lo como um estado totalitário. Assim, a arquitetura nazista foi usada para criar a "nova ordem" e aprimorar a "raça ariana". O desporto também foi instrumentalizado pelos nazis, como no fascismo italiano, para "regenerar a raça". A Juventude Hitlerista, fundada em 1922, possuía a motivação básica de treinar os futuros "super-homens arisnos" e futuros soldados que lutariam fielmente pelo Terceiro Reich. Da mesa forma, o cinema foi utilizado como propaganda para teorias racistas, sob a direção do Propagandaministerium de Joseph Goebbels. O Museu da Higiene em Dresden, difundiu tais teorias. Um poster do museu, datado de 1934, mostrava um homem com características nitidamente africanas, onde se lia "se este homem houvesse sido esterilizado… 12 enfermos hereditários não teriam nascido" (sic).[2] De acordo com o presente diretor, Klaus Voegel, "o Museu da Higiene não era uma instituição criminosa, no sentido de que as pessoas eram mortas aqui", mas "ajudava a moldar a idéia de quais vidas eram dignas ou indignas." [2]
Estas teorias foram implementadas muito cedo, particularmente pelas Leis de Nuremberg, de 1935, e pela "Lei para Prevenção de Descendência Hereditariamente Enferma" de julho de 1933. O programa de eutanásia Aktion T4, do qual participavam organizações de jovens Kraft durch Freude (KdF, literalmente "Fortes Pela Alegria"), visava pessoas acusadas de representar perigo de "degeneração" ao "Deutsche Volk."

A Essência do Nazismo: Totalitarismo e Racismo

A essência do fascismo e do nazismo está no totalitarismo, especificamente na noção de controle totalitário, ou seja, na ideia de que o Estado, e em última instância o chefe-de-Estado (no caso da Alemanha o Führer), deveria controlar tudo e todos. Para isso a homogeneização da sociedade é fundamental. As formas de controle social em regimes totalitários geralmente envolvem o uso e exacerbação do medo a um grau extremo. Todos passam a vigiar a todos e todos se sentem vigiados e intimidados. Cada indivíduo passa a ser "os olhos e ouvidos" do Führer no processo de construção de uma sociedade totalitária. Neste processo de homogeneização totalitária, os inúmeros festivais, atividades cívicas, com mobilização das massas nas ruas foram determinantes
Para controlar tudo e todos, o nazismo instigava e exacerbava ao extremo o nacionalista, geralmente associado às rivalidades com outros países suposta ou realmente ameaçadores. A ideia de um inimigo externo extremamente poderoso é funcional unir a sociedade contra o "inimigo comum". O medo de um inimigo externo é funcional para aglutinar socialmente povos que até pouco tempo não se identificavam enquanto uma só nação, como foram os casos de países unificados apenas no século XIX (Alemanha e Itália). Como Freud havia demonstrado, a necessidade da criação artificial da identidade em grupos sociais pode levar à homogeneização forçada destes, e a existência de membros diferentes no grupo é desestabilizadora, o que leva o grupo a tentar eliminá-lo. Tão relevante é esta explicação para entender o fenômeno do fascismo e do nazismo, que as obras de Freud estiveram entre as primeiras a serem queimadas nas famosas queimas de livros organizadas pelo Partido Nazista em 1933 e 1934.
Entretanto, era necessário mais do que apenas o medo de um inimigo externo para conseguir atingir o ultra-nacionalismo e o totalitarismo. Para isso era funcional criar "inimigos" internos, sorrateiros, subterrâneos, conspiratórios. Este papel de inimigo sorrateiro é destinado ao comunismo e aos comunistas como um todo na ideologia fascismo. O Nazismo acrescenta ao rol de "inimigos", em que já estava o comunismo, minorias étnico-religiosas como "inimigas": os judeus em um primeiro momento, depois ciganos e povos eslavos (já durante a II Guerra Mundial). A partir disto é que se torna central o segundo pilar do nazismo, a ideologia da superioridade racial ariana.

Sobre este blog

Escola Domingos Sávio
Cabo Frio (RJ)
3° Ano Ensino Médio
Turma: 3ooo
Professora: Kátia Ferreira
Disciplina: História
Alunos: Janaína Pinheiro, John Müller, Lorene Lima, Mayara Garcez, Nathália Mascitelli.































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http://filosofandoehistoriando.blogspot.com/2009/07/revolucao-russa.html

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